10/03/2015

Comissão da Verdade de PE retifica certidão de óbito de vítima da ditadura

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Laudo sobre morte de Anatália Alves teve suicídio trocado por assassinato. Solenidade ocorreu nesta segunda-feira, em celebração ao Dia da Mulher

A Comissão da Verdade de Pernambuco apresentou, nesta segunda-feira (9), a retificação de atestado de óbito de Anatália Melo Alves, vítima da ditadura militar no estado. O documento muda o laudo sobre a morte, substituindo suicídio por assassinato. A entrega do documento ocorreu no Palácio do Campos das Princesas, sede do governo estadual, no Centro do Recife, em comemoração ao Dia da Mulher.

Anatália era uma costureira, do Rio Grande do Norte, que se casou com um militante do Partido Comunista Brasileiro. Durante a ditadura, o casal mudou-se para Pernambuco. Eles atuavam com trabalhadores rurais da Mata Sul e terminaram presos. Em 1972, quando ela tinha 28 anos, foi levada para o Destacamento de Operações de Informações do Exército e depois encaminhada para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde morreu, em 1973.

O atestado de óbito dizia que Anatália tinha cometido suicídio, se enforcando com a alça de uma bolsa. O trabalho de investigação da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara provou que ela foi assassinada. O relatório de reavaliação do laudo pericial, assinado pelo perito criminal José Zito Albino Pimentel aponta como causa morte asfixia por estrangulamento.

O secretário-geral da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara, Henrique Mariano, explicou que a investigação levou cerca de um ano e meio. “Apresentamos o resultado que esclareceu as circunstâncias do falecimento. Ela foi vítima de vários tipos de abuso, teve parte do corpo queimada para esconder o abuso sexual, e, por meio de nova perícia técnica, foi provado que ela morreu estrangulada”, disse.

A sentença, proferida pela juíza Paula Maria Malta do Rego, atende à solicitação de Luiz Alves Neto, viúvo de Anatália. O pedido foi encaminhado à 11ª Vara de Família e Registro Civil da Capital, em outubro de 2014, por meio de advogados da Comissão da Verdade.

O documento foi entregue ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e ao viúvo, que contou sobre as torturas sofridas pela mulher, durante a solenidade. Luiz Alves Neto disse que nunca acreditou na versão que foi dada, há 42 anos, sobre a morte de Anatália. “Pelo menos é uma etapa importante que a Justiça nos dá condições de cobrir agora. É um alento parcial para a família, porque não é só importante responsabilizar o Estado por isso, como também punir os torturados, que é uma outra etapa”, enfatizou.

Com informações do G1

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