Hoje é dia de celebrar uma importante vitória. Celebrar algo que é de direito, mas que o Estado Brasileiro historicamente não honra os princípios de respeito aos Direitos Humanos e Justiça.
Clarice Herzog luta por justiça há quase 50 anos. Está hoje com 83 anos. Trabalhou como pesquisadora de forma workaholic até seus 75 anos de idade. Trabalhou para poder ser independente. Garantir uma boa educação e saúde para seus filhos e preparar-se para uma velhice com dignidade.
Clarice nunca moveu um processo contra o Estado Brasileiro buscando uma reparação financeira. Sempre buscou a justiça pelo assassinato do meu pai e para isto foi uma defensora da revisão da Lei de Anistia, da Democracia e da Liberdade.
O destino lhe trouxe algo que ela não esperava. Esta doença terrível que é o Alzheimer. A doença levou aquela pessoa que nós conhecíamos e nos trouxe uma pessoa agora em paz, sem a inquietação que era característica à Clarice.
Para este novo capítulo de sua vida, ela tem o bem mais valioso ao seu lado todos os dias, todos os momentos. Seu companheiro de mais de 45 anos, Gunnar.
Nós da família, a fim de dar segurança para Gunnar e Clarice, com todo o aparato médico necessário, decidimos agora buscar o que minha mãe sempre teve direito: reparação econômica.
A sentença do último dia 31 de janeiro irá garantir os cuidados que ela e Gunnar precisam neste momento da vida. É uma vitória daquela que luta há quase 50 anos pela verdade e justiça.
A luta continua.