Divergir é apanágio da democracia. Mas agredir – ainda mais em grupo – com gestos ou palavras, quem se considera ter opinião diversa é indigência intelectual e covardia.
A jornalista Miriam Leitão foi vítima, há poucos dias, de uma turba que a sitiou num voo comercial, ofendendo-a aos berros durante a viagem entre Brasília e Rio.
Para essa malta de boçais, trajando camisetas do PT, Miriam representava ali a TV Globo, também objeto de palavras de ordem insultuosas.
Miriam, além de pessoa humana, mãe e avó, é jornalista, não adversária. Já se disse que jornalistas não têm amigos nem inimigos: têm pautas. Vivem de cumprí-las. Trazem as notícias para a sociedade, não as criam.
São apenas quem transmite as informações, não merecendo ser pessoalmente vitimados quando divulgam fatos que desagradam a alguém.
“Sem os sentimentos de respeito – já disse Confúcio há séculos – o que distingue os homens das bestas?”
À Miriam Leitão, como a todos os jornalistas vítimas de violências físicas ou morais, a nossa inteira solidariedade. A seus agressores, nossa indignação e desprezo.
Instituto Vladimir Herzog
14 de Junho, 2017