Não sabíamos o destino do Vlado, que havia sido preso no dia anterior. Encontramo-nos no domingo, 26 de outubro, com Gabriel Manzano, na época colega do Vlado na TV Cultura. Gabi sugeriu que fossemos até lá para ele poder se informar do que estava acontecendo. Ao chegar Gabi recomendou a mim, que estava dirigindo, e a Lígia Martins de Almeida, que estava ao lado, que só esperássemos por ele 15 minutos. Depois disso deveríamos ir embora.
Passados mais de 30 minutos ainda estávamos lá. Chegou o Gabi e disse: “Mataram o Vlado”.
Foi um tremendo choque para nós, que se espalhou pela comunidade jornalística.
Na época eu trabalhava no Jornal da Tarde, tinha 22 anos e convivia com muitos colegas que eram amigos do Vlado. Os dias seguintes foram de uma consternação geral e de grande preocupação com os que ainda estavam presos pelo II Exército.
No dia em que o manifesto chegou à redação a participação foi geral: todos assinaram. Foi uma tentativa de conseguir que o II Exército fornecesse informações corretas.
E ficou a marca do Vlado em cada um de nós. Um colega brutalmente assassinado por ter opiniões políticas diferentes: uma pessoa doce, gentil, espirituoso com muito talento.
Fez e faz falta.
7/5/2021.