Projeto urbanístico está sendo desenvolvido pela Escola da Cidade e será apresentado ainda em agosto à Subprefeitura da Sé, responsável pelo território
Por Camilo Mota
Sergio Gomes, conselheiro do Instituto Vladimir Herzog, diretor da OBORÉ e integrante do conselho curador de implementação de melhorias no nascente Espaço Cultural a Céu Aberto Elifas Andreato, se reuniu na quinta-feira (3) com Ciro Pirondi, arquiteto e diretor da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, para traçar o desenho de reposicionamento da Banca Livraria dos Jornalistas Vladimir Herzog. A banca, única que que só possui livros sobre jornalismo na cidade de São Paulo, passará a integrar o Espaço Cultural e ficará de frente para a Praça Memorial Vladimir Herzog.
O projeto urbanístico, que está sendo desenvolvido pela Escola da Cidade, será apresentado com sugestões ainda neste mês de agosto à Subprefeitura da Sé, responsável pelo território onde acontece, mensalmente, o evento músico-gastronômico-cidadão Todo Mundo Que Falar, Cantar e Comer. A localização e concessão de autorização de funcionamento das bancas de jornal é de responsabilidade das subprefeituras.
O novo desenho corrigirá o mal-entendido dos técnicos, que interpretaram “reposicionar a banca” como retirá-la do espaço, e justificará a continuidade da banca no espaço, mas de frente para a Praça. Esse espaço ainda poderá contar com mesas e cadeiras fixas para o convívio entre as pessoas. Para Ciro Pirondi reposicionar a banca significa ”criar um espaço de convívio, como convém a arquitetura. Espaço de convívio fraterno, amistoso, na cidade, e não só um espaço de passagem”.
Edinaldo dos Santos, dono da banca, vê o projeto e o futuro Espaço Cultural como uma alegria. ”Vai ser muito bom e se colocar as mesas, será ótimo, vai ter mais movimento para a Praça, para a banca e eu vou poder ver as pessoas que vêm da passarela”, afirmou o comerciante. Atualmente, a banca também é responsável pelo fornecimento de energia e espaço para guardar equipamentos para os shows que ocorrem todo último domingo de cada mês no espaço, a partir do meio dia.
Edinaldo comprou o estabelecimento há 7 anos com o irmão, que faleceu 2 anos atrás. Antes, os dois eram garçons, mas com a pandemia foram demitidos junto a 60 funcionários. E ainda hoje Edinaldo envia a renda obtida com o trabalho de segunda a segunda, das 6h às 22h, para o tratamento do pai residente em Pernambuco.
O Vereador Eliseu Gabriel (PSB), que é apoiador dos eventos do nascente Espaço Cultural a Céu Aberto Elifas Andreato e o responsável por implementações na Praça Memorial Vladimir Herzog, considera o lugar como um modelo a ser seguido. ”A cidade precisa desses pontos de encontros. Muitos prédios são construídos fechados, com muros, os chamados não-lugares. Essa Praça faz essa ponte e é um espaço de encontro entre as pessoas”, afirmou.
O parlamentar foi o relator da Comissão da Verdade da Câmara de São Paulo, apresentou o projeto de Lei para integrar o Todo Mundo Tem Que Falar e Comer no calendário da cidade e destinou recursos via emenda orçamentária para custear a implementação da obra Personagens dessa história, do artista Aroeira, que será afixada em mosaico azulejado no muro lateral à Praça.
O desenho representará todas as personalidades que tiveram um papel fundamental para contar a verdade sobre a farsa criada pelos militares do suicídio do jornalista Vladimir Herzog e que contribuíram assim com a defesa da liberdade de imprensa simbolizada no Memorial.
A obra será inaugurada na tarde de 24 de outubro, data da cerimônia de entrega do 45º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, que ocorrerá no Tucarena, teatro da PUC-SP.