05/07/2017

Assassinato de jornalista esportivo completa 5 anos sem solução

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Manifestação em 05 de julho de 2013, no aniversário de 1 ano da morte do jornalista.

Há exatos 5 anos, em 05 de julho de 2012, o jornalista esportivo Valério Luiz Oliveira era assassinado brutalmente em frente ao prédio da emissora de rádio onde trabalhava em Goiânia (GO). Foram seis tiros à queima-roupa na porta da então Rádio Jornal 820 AM (atual Rádio Bandeirantes), onde o cronista esportivo comentava futebol. Ele exercia há mais de 30 anos a profissão, seguindo os passos de seu pai, que também trabalhou nas emissoras do estado de Goiás.

As investigações da Polícia Civil de Goiás concluíram que o crime foi encomendado por Maurício Borges Sampaio, então vice-presidente do time de futebol Atlético Clube Goianiense, em razão das críticas desferidas pelo comentarista contra a diretoria do clube. Até hoje, o caso Valério Luiz é o único do mundo no qual um profissional de comunicação sofreu violência fatal em razão de opiniões ligadas ao esporte. Exigindo justiça, a família do jornalista realiza todos os anos  uma caminhada pelas ruas do Centro de Goiânia e em volta do Tribunal de Justiça.

No dia 20 de junho deste ano, chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o último recurso possível dos réus, o Recurso Extraordinário com Agravo (ARE ) nº 1055725, que agora encontra-se concluso com o Ministro Ricardo Lewandowski. Após o exaurimento desta etapa, finalmente Marcus Vinícius Pereira Xavier, Urbano de Carvalho Malta, Djalma Gomes da Silva, Ademá Figuerêdo Aguiar Filho e Maurício Borges Sampaio serão submetidos ao Tribunal do Júri Popular de Goiânia.

 

O jornalista Valério Luiz com seus filhos.

O Caso

Em 2010, Valério começou a publicar denúncias sobre a gestão de futebol do Clube Atlético Goianiense, que envolviam os patrocinadores da equipe e o vice-diretor de futebol em esquemas de compra de resultados, acordos com torcedores do clube e uso de drogas nas concentrações, entre outras acusações.

Naquela época, a diretoria do Atlético era composta por figuras conhecidas da política goiana: o presidente do clube era o deputado federal Valdivino de Oliveira; o vice-presidente era Maurício Borges Sampaio, proprietário do maior cartório do estado de Goiás; e o diretor de Comunicação do clube era o tenente-coronel Wellington Urzeda, com grande influência sobre a Polícia Militar local.

Em 2012, após o Atlético perder a final do campeonato goiano, foi anunciada a saída de Maurício Borges Sampaio e do tenente-coronel Wellington Urzeda da Diretoria do clube. Valério, em uma de suas transmissões radiofônicas, teria afirmado que a atitude dos dirigentes era normal e que “quando o navio afunda os ratos são os primeiros a abandoná-lo”.

Pouco tempo depois uma carta foi enviada a Rádio PUC TV e à Rádio Jornal, em que Valério tinha programas esportivos, comunicando que as equipes das duas emissoras estavam proibidas de entrar nas instalações do Atlético enquanto Valério trabalhasse lá. Após alguns dias, ao sair da emissora 820 por volta da 14 horas, Valério foi executado dentro de seu carro com seis tiros por um homem em uma moto.

Ao todo cinco pessoas foram indiciadas pelo crime: Maurício Sampaio como mandante; dois policiais militares, Ademar Figueiredo e Djalma da Silva; o motorista de Mauricio Sampaio, conhecido como Urbano; e Marcus Vinicius, amigo dos policiais, proprietário de um comércio próximo ao local do crime, que serviu como ponto de apoio para o criminoso.

Todos os acusados foram presos e hoje aguardam em liberdade.

Instituto Valério Luiz

Formado em advocacia, Valério Luiz Filho criou, junto com a família, o Instituto Valério Luiz em homenagem a seu pai. O Instituto foi fundado no primeiro semestre de 2013, com a missão de lutar por justiça, pela condenação dos responsáveis pelo assassinato do jornalista e para incentivar famílias que passam por casos semelhantes no estado de Goiás.

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