Quatro jornalistas foram agredidos na segunda-feira (21.out.2013) no Rio de Janeiro durante a cobertura de protesto contra o leilão do campo petrolífero de Libra. Houve confronto entre manifestantes e agentes da Força Nacional na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio, próximo ao hotel onde o pregão foi realizado. A repórter Aline Pacheco, da TV Record, foi agredida por manifestantes com um soco nas costas. O fotógrafo Gustavo Oliveira, da agência britânica Demotix, foi atingido por uma pedrada. O fotógrafo Pablo Jacob, de “O Globo”, e o cinegrafista Marco Mota, da TV Brasil, foram atingidos por balas de borracha disparadas por agentes da Força Nacional. Um veículo da TV Record foi virado por manifestantes.
Na terça-feira (15.out.2013), professores em greve fizeram um grande protesto na capital fluminense, que terminou com dezenas de prisões e atos de vandalismo e violência. Na ocasião, o repórter fotográfico Pablo Jacob foi agredido por policiais com golpes de cassetetes. Na sexta (18.out.2013), Pablo voltou a ser agredido – desta vez por manifestantes – quando cobria a soltura de pessoas detidas nas manifestações do dia 15. Além dele, os também fotógrafos Carlos Wrede, do jornal “O Dia” e Luiz Roberto Lima, do “Jornal do Brasil”, também foram agredidos por manifestantes. O clima hostil persistiu no sábado (19.out.2013) quando novos alvarás de soltura foram expedidos.
Beagles
Em São Paulo o fim de semana também foi violento para a imprensa. A repórter do jornal “O Globo” Tatiana Farah foi alvo de dois disparos de bala de borracha durante protestos no sábado (19.out.2013). Tatiana cobria, em São Roque (interior de São Paulo), a manifestação contra o uso de animais (especialmente cães da raça beagle) em testes farmacológicos. Segundo a repórter, embora ela gritasse ser da imprensa e estivesse com as mãos para o alto, um policial do choque mirou seu rosto e disparou uma bala de borracha, que passou de raspão por seu couro cabeludo. Outro disparo feriu-a na região das costelas. Nesse mesmo protesto, manifestantes atearam fogo a dois veículos da TV TEM, afiliada da rede Globo que cobre a região.
No dia 15 de outubro, de acordo com informações do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, o repórter fotográfico freelancer Yan Boechat foi vítima de violência policial. Boechat afirmou ter sido agredido ao tentar registrar a truculência de alguns agentes da PM contra um manifestante. Também no dia 15, o repórter fotográfico Guilherme Kástner, do “MetroNews”, conseguiu registrar em vídeo o momento em que foi atacado por policiais.
Com esses novos episódios, o número de ataques a jornalistas contabilizado pela Abraji desde o início dos protestos chega a 96. Manifestantes foram responsáveis por 25 episódios de agressão contra profissionais da imprensa. Os outros 71 casos, ou 74% do total, foram protagonizados por policiais ou agentes da Força Nacional.
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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo condena todos os atos de violência contra jornalistas, sejam praticados por manifestantes ou por policiais. A Abraji cobra mais preparo das autoridades para agir de maneira a garantir o direito de a imprensa trabalhar – e não o contrário, como parecem vir fazendo. É inaceitável que o Brasil tenha quase 100 episódios de agressão, hostilidade ou prisão de jornalistas em pouco mais de quatro meses. Esse índice não é compatível com a democracia e fere o direito de toda a sociedade à informação.