04/12/2023

Instituto Vladimir Herzog lamenta a morte de Nêgo Bispo

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Ontem Nêgo Bispo aquilombou-se na saudade. Viverá para sempre encantado no batuque do samba, no jogo de capoeira, nas casas de terreiro e em todos saberes e fazeres ancestrais e renascerá todos os dias enquanto a luta para derrubarmos a letra e os papeis da abolição colonialista seguir; renascerá até conquistarmos a liberdade e o Estado Democrático de Direito baseados em nossa gente.

O escritor e pensador quilombola Antônio Bispo, que defendeu que é dos Afros e Originários o direito ao protagonismo de suas trajetórias, deixa um legado essencial para a resistência desses povos, sob o conceito do contracolonialismo e a valorização da cultura e dos saberes populares. Nêgo Bispo, como era conhecido, falava à sua maneira e subverteu cotidianamente este idioma emprestado, o qual chamamos português. Nêgo foi pretoguês.

Nós, do Instituto Vladimir Herzog, lamentamos profundamente seu retorno para a terra, de onde tudo tiramos para a vida e de onde ele continuará vivendo e florescendo. 

Nêgo Bispo esteve conosco em diversas iniciativas nos últimos anos, contribuiu intelectualmente a partir do artigo “Aquilombe-se”, participou da 1ª edição do DH Fest, nosso Festival de Cultura em Direitos Humanos, e foi educador no Usina de Valores. Para nós, foi uma honra contar com tamanha presença e parceria. Antônio Bispo sempre será, para o IVH, referência e farol para tudo o que fizermos.

Em uma de suas contribuições, reivindicou que aos povos Afro e Originários, “ao invés de termos direitos a políticas públicas… Teremos condições e políticas próprias”.

Que as trajetórias contracolonialistas triunfem. 

Viva Antônio Bispo, ancestralizado nas cosmologias e lutas dos povos oprimidos e de resistência. Por Nêgo Bispo, aquilombar-se sempre!

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