27/10/2021

Olga Sérvulo da Cunha

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Havia medo sempre. Seguíamos regras de convivência cuidadosas. Algumas conservei até hoje: não conversar em elevador, não me sentar de costas para a rua em bares e restaurantes, não chamar por ninguém na rua gritando o nome da pessoa… (Isto ainda me sobressalta hoje em dia.) Em fevereiro de 1976 eu trabalhava como repórter na editoria de Economia da Folha de S. Paulo. Tinha 27 anos. E levei o maior susto quando chegou a notícia da morte do Vlado. Havíamos trabalhado juntos, eu como repórter, ele como editor, na primeira equipe montada para o Hora da Notícia, primeiro telejornal da TV Cultura.

Eu frequentava muito o sindicato, reuniões e assembleias. Se a memória não me trai assinei o manifesto lá, como parte do primeiro grupo de signatários. Havia medo, sempre, e muitos colegas de trabalho na redação, onde o texto circulou, tiveram receio de assinar. Tudo podia acontecer. Tempos sombrios.

7/5/2021.

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