Assinar o manifesto Em Nome da Verdade foi a consequência natural resultante da revolta e do inconformismo de jornalistas com a farsa montada em Inquérito Policial Militar, IPM, sobre a apuração da morte do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-Codi, órgão subordinado ao Exército.
Naqueles dias, dos mais aflitivos do período da ditadura, os jornalistas trabalhavam num clima de forte tensão e de angústia a cada notícia que chegava de desaparecimento ou prisão de um colega de trabalho. A tese de suicídio apontada no laudo de Vlado causou indignação e foi amplamente rejeitada pela categoria. Foi a gota d’água que fez nascer a ideia de publicar o manifesto assinado por 1 mil 6 jornalistas.
Confesso que não me recordo exatamente das circunstâncias em que assinei o documento, nem da pessoa responsável pela coleta de assinaturas, mas certamente foi na redação da Folha de S. Paulo, onde trabalhava como repórter de Cidades, aos 23 anos. No entanto permanece cristalino em minha memória o Culto Ecumênico, na Praça da Sé, com lotação máxima no interior da Catedral e presença de 8 mil pessoas espremidas naquele espaço urbano, eu no meio delas.
18/5/2021.