Três anos depois, “Memória Ocular” fala sobre a vida de Sérgio Silva e os desdobramentos políticos dos protestos em São Paulo.
Três anos após as manifestações contra o aumento da tarifa de transporte público da capital paulista, o jornalista Tadeu Breda, que cobria os fatos pela Rede Brasil Atual, lança o livro ‘Memória Ocular’, onde conta a história do fotógrafo Sérgio Silva, que foi atingido por uma das 506 balas de borracha disparadas pela Polícia Militar de São Paulo enquanto trabalhava, acabando por perder a visão, no dia 13 de junho de 2013.
“A marcha se dirigia do centro da cidade à Avenida Paulista, mas foi barrada pelas forças de segurança na esquina das ruas da Consolação e Maria Antonia. Foi bem ali que o fotógrafo Sérgio Silva, que cobria a manifestação, recebeu um tiro de bala de borracha no olho esquerdo”, explica Breda, que não conhecia o fotógrafo. “Sérgio é apenas uma dessas vítimas. Entre altos e baixos, alternando momentos de depressão e com vontade de viver, trabalhar e fotografar, continua lidando com a violência que sofreu, sabendo que jamais conseguirá se desvencilhar dela – nem física nem psicologicamente”.
Em 100 páginas, ‘Memória Ocular’ trata de diversos aspectos que dizem respeito às manifestações de junho de 2013, além da história de Sérgio. O jornalista entrevistou diversos políticos, policiais, juristas e até fabricantes de bala de borracha, para escrever o que ele define como um “manifesto narrativo”.
O trabalho visual e imagético do fotógrafo Sérgio também influenciou o trabalho de escrita de Tadeu Breda e a edição de ‘Memória Ocular’. Além do jornalista-escritor, os ilustradores Breno Ferreira, Carolina Ito, Mateus Acioli, Vitor Flynn e João Ricardo Moreira compõem a obra com projeto gráfico de Denise Matsumoto. “A obra é coletiva. Somos sete pessoas diretamente envolvidas, além do próprio Sérgio Silva, que me concedeu o privilégio e ouvir e contar sua história – que também é minha”, frisa Breda, que atualmente é jornalista independente e coordenador da Editora Elefante.
O livro teve ainda o apoio do Instituto Vladimir Herzog, da Artigo 19, da Repórteres sem Fronteiras, da Conectas e da Anistia Internacional.