Projeto busca mudar o nome do Parque da Juventude para “Parque da Juventude Dom Paulo Evaristo Arns”; texto segue para aprovação do governador
Foi aprovado na Assembleia Legislativa de São Paulo o Projeto de Lei nº 938 de 2016, que homenageia Dom Paulo Evaristo Arns. De autoria do deputado Luiz Fernando (PT), o PL dá a denominação de “Parque da Juventude Dom Paulo Evaristo Arns” ao atual “Parque da Juventude”, no município de São Paulo.
Dom Paulo Evaristo Arns é natural de Forquilhinha (SC) e foi nomeado arcebispo de São Paulo em outubro de 1970, aos 49 anos. Sua história é marcada pela luta contra a ditadura militar, nas décadas de 60 e 70, e pela defesa dos direitos humanos. Com formação em filosofia e teologia, escreveu 56 livros, entre os quais “Brasil: Nunca Mais”, um projeto conduzido de forma clandestina entre os anos de 1979 e 1985, desenvolvido pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo, que retrata as torturas e outras graves violações aos direitos humanos durante a ditadura militar brasileira.
Entre outros episódios de sua trajetória, destacam-se sua atuação contra a invasão da Pontifícia Universidade Católica (PUC), comandada pelo então secretário de Segurança Pública de São Paulo, coronel Erasmo Dias, em 1977, e o planejamento da operação para entregar ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos políticos.
Em março de 1973, presidiu a Celebração da Esperança, em memória do estudante Alexandre Vannucchi Leme, morto pela ditadura. No ano seguinte, acompanhado de familiares de presos políticos, apresentou ao general Golbery do Couto e Silva um dossiê relatando os casos de 22 desaparecidos.
Em outubro de 1975, celebrou na Catedral da Sé o histórico culto ecumênico em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelo regime militar. Anos depois defendeu o voto popular na campanha “Diretas, Já”. Dom Paulo Evaristo Arns morreu no dia 16 de dezembro de 2014.
O Parque da Juventude, na zona Norte de São Paulo, substituiu o Complexo Penitenciário Carandiru por uma área de lazer e entretenimento ao ar livre. O presídio, inaugurado em 1956, foi durante 46 anos o maior da América Latina, chegando a alojar mais de oito mil presos e foi o cenário do famoso massacre, pela Polícia Militar paulista, de 111 presos, durante uma rebelião em 1992, fato marcante que levou à desativação do presídio, que acabou sendo parcialmente demolido em 2002.
Em 2007 foi concluído o projeto arquitetônico do Parque da Juventude, que contemplou as três grandes áreas hoje existentes no parque: esportiva, central e institucional. O parque possui ampla área verde, instalações para práticas de esporte, áreas de lazer e entretenimento para pessoas de todas as idades, espaço canino e grande área aberta para a realização de shows e eventos. Além disso, foram mantidos grandes referenciais históricos da época em que o espaço abrigou o Complexo Carandiru, como muralhas e ruínas de celas do presídio; e a oficina de trabalhos manuais transformada no ginásio do parque e que abriga hoje uma academia. Além disso, os pavilhões 4 e 7 foram transformados em duas grandes Escolas Técnicas (ETECs).
“O fato de o Parque ter sido construído sobre o Carandiru, local no qual ocorreu um episódio de afronta extrema aos direitos humanos, matéria defendida com afinco durante toda a vida por Dom Evaristo Arns, torna bastante simbólica a homenagem prestada”, explica o deputado Luiz Fernando, autor do projeto.
O espaço abriga ainda a Biblioteca de São Paulo, com acervo de mais de 35 mil títulos, e o Acessa São Paulo, programa de inclusão digital do Governo do Estado, no qual a população tem acesso gratuito às novas tecnologias da informação e comunicação (TICs), em especial à internet.
O projeto agora segue para sanção do governador.