“Se dou pão aos pobres, todos me chamam de santo. Se mostro por que os pobres não têm pão, me chamam de comunista e subversivo”, costumava dizer Dom Hélder Câmara, nascido em 7 de fevereiro de 1909 e que hoje completaria 108 anos de vida.
Câmara foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que teve importante papel de enfrentamento à ditadura militar brasileira. Graças a esse trabalho, foi elevado ao título de bispo da igreja católica, em 1952, tornando-se o secretário geral dessa organização. Em 1964, ele se tornaria arcebispo de Recife e Olinda.
Dias depois do golpe, Dom Hélder divulgou um manifesto apoiando a ação católica operária no Recife. O novo governo militar o acusou de demagogo e comunista, e ele foi proibido de se manifestar publicamente. Com a implantação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), em 1968, por incomodar muito os militares, passou a ser considerado pelos agentes do governo como um “morto-vivo”. Os meios de comunicação não podiam falar sobre ele, nem publicar nada que mencionasse seu nome. O arcebispo estava proibido até de frequentar as universidades do país.
Porém, Dom Hélder nem sempre foi um homem progressista. Na década de 1930, aproximou-se da luta política da Ação Integralista Brasileira (AIB). Com o tempo, foi percebendo que o integralismo apoiava regimes extremamente violentos, como o fascismo e o nazismo. Quando pessoas importantes resolviam sair do movimento integralista, eram perseguidas e algumas eram mortas. O próprio padre Hélder, após sair do partido, passou a ser perseguido e precisou fugir para não ser mais uma vítima.
Em 1972 foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz. Dom Hélder se aposentou em 1985, tendo organizado mais de 500 comunidades eclesiais de base. No final da década de 1990, lançou a campanha “Ano 2000 Sem Miséria”. Morreu em 27 de agosto de 1999.
Para saber mais sobre a história de Dom Hélder Câmara e de outros personagens que lutaram contra a ditadura, visite o portal Memórias da Ditadura – uma iniciativa do Instituto Vladimir Herzog para divulgar a História do Brasil no período de 1964 à 1985 junto ao grande público, em especial à população jovem.