15 de setembro de 2015
O Instituto Vladimir Herzog enviou mensagens de congratulações aos governos brasileiro e alemão, bem como um ofício de protesto e repúdio ao governo húngaro, pelas posturas adotadas pelas autoridades desses países em relação aos refugiados da Síria, cujo sofrimento foi recentemente dramatizado pelo confrangedor martírio do menino Aylan, que partiu os corações de todo o mundo.
Nas mensagens enviadas ao ministro das Relações Exteriores do Brasil e à presidenta Dilma Rousseff, bem como aos embaixadores da Alemanha, Dirk Brengelmann e da Hungria, Norbert Konkoly, o IVH lembra que Vladimir Herzog afirmou que “Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados”.
Aos governos brasileiro e alemão o IVH afirma que, ao acolher os fugitivos da Síria e conceder-lhes a condição jurídica de refugiados, demonstram que esses países estão indo além da indignação e procurando agir concretamente para amenizar a infelicidade dessas pessoas e proteger seus direitos humanos.
Por sua vez, ao governo da Hungria, o IVH protesta e o condena pela postura desumana e indigna adotada em relação aos refugiados: “Ao repelir com hostilidade os fugitivos da Síria, construindo muros e instalando cercas de arame farpado para impedir sua entrada – afirma a mensagem do IVH – o governo da Hungria causa indignação em todas as pessoas e nações civilizadas, aumentando ainda mais a infelicidade dessas pobres criaturas e pisoteando seus direitos humanos”.
Em conclusão, as mensagens enviadas sublinham que o Instituto Vladimir Herzog tem a democracia como um de seus principais valores, por isso reitera ao Brasil e à Alemanha seu regojizo pelo fato desses países estarem hoje acolhendo seres humanos que fogem de regimes totalitários, da mesma forma que, em 1946, o Brasil abrigou Vladimir Herzog e seus pais, vítimas, como tantos outros, do totalitarismo e do racismo.
Em contrapartida, a mensagem ao embaixador da Hungria, o IVH manifesta seu repúdio à atual postura do governo daquele país, que condena ao abandono – e até à morte – seres humanos que fogem de regimes ditatoriais, ao contrário daquela atitude adotada pelo Brasil em 1946.
O IVH declarou ainda ao embaixador Norbert Konkoly que mantém a esperança de que seu protesto encontre compreensão e guarida no governo da Hungria – cujos cidadãos e seus descendentes, muitos deles também originalmente refugiados, somam mais de uma centena de milhares de pessoas em nosso País – de forma a que passe a adotar para com os sírios uma postura mais consentânea com os direitos humanos e com a vida civilizada.