14/09/2015

Chile recorda os 42 anos do golpe de Augusto Pinochet

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Com informações do G1

Manifestantes fizeram homenagem ao presidente deposto Salvador Allende. País ainda tem dívidas na busca por verdade e justiça, segundo Bachelet

O Chile lembra nesta sexta-feira (11) o golpe de Estado que derrubou em 1973 o governo de Salvador Allende instaurando a ditadura de Augusto Pinochet, ainda com dívidas na busca por verdade, justiça e reparação, disse a presidente chilena, Michelle Bachelet.

Apesar das expectativas dos grupos de direitos humanos e de setores da coalizão governante, o discurso de Bachelet terminou sem anúncios sobre uma prisão especial para repressores que desperta a rejeição dos familiares de desaparecidos.

“Ainda faltam entes queridos cujo paradeiros devemos saber, ainda existe verdade para conhecer e justiça para aplicar”, disse a presidente de esquerda no Palácio de La Moneda, ao liderar a homenagem ao socialista Allende.

Bachelet pediu a “derrubada dos muros de silêncio que nos impedem de avançar, ainda há privilégios que o Chile de hoje em dia não tolera, a consciência do Chile exige que eles sejam superados”.

Fotos de vítimas da ditadura de Augusto Pinochet são espalhadas em frente ao palácio presidencial, em Santiago, na sexta (11), data do 42º aniversário do golpe que depôs o presidente Salvador Allende (Foto: Reuters/Ivan Alvarado)
Fotos de vítimas da ditadura de Augusto Pinochet são espalhadas em frente ao palácio presidencial, em Santiago, na sexta (11), data do 42º aniversário do golpe que depôs o presidente Salvador Allende (Foto: Reuters/Ivan Alvarado)

“Eu me encarregarei de que o cumprimento da justiça seja igual para todos, é um compromisso inevitável que assumo pessoalmente”, acrescentou a presidente, que viveu na própria pele a repressão militar, no que pode ser um aceno para as vozes que pedem o fechamento da prisão especial.

A prisão, localizada a 50 km de Santiago, abriga uma centena de ex-membros das Forças Armadas condenados por sequestro, tortura e assassinato das mais de 3.200 vítimas fatais deixadas pela ditadura de Pinochet (1973-1990).

A senadora Isabel Allende, filha do presidente deposto Salvador Allende, participa de manifestação (Foto: AFP Photo/Martin Bernetti)
A senadora Isabel Allende, filha do presidente deposto Salvador Allende, participa de manifestação (Foto: AFP Photo/Martin Bernetti)

Bachelet afirmou que o país se encaminha para alcançar “mais verdade, mais justiça e reparação”, um futuro no qual tem um papel fundamental a nova Subsecretaria de Direitos Humanos, em trâmite no Congresso.

A presidente – que enfrenta níveis de aprovação historicamente baixos, 22%, segundo uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira – aproveitou o discurso para lembrar que seu país dará refúgio a famílias sírias, já que “os direitos humanos não têm fronteiras”.

O governo chileno confirmou nesta terça-feira que trabalha em um plano para acolher famílias sírias, afetadas pela crise humanitária que atinge seu país.

Com a homenagem a Allende – que se suicidou em 11 de setembro de 1973, em meio ao bombardeio contra o La Moneda – começa um dia que terá vários atos em memória das vítimas da sangrenta ditadura de Pinochet e que anteriormente já registrou incidentes – que se repetem todos os anos – na periferia de Santiago.

Ativistas fazem performance em frente à entrada do palácio presidencial, em Santiago, vestidos como o presidente deposto Salvador Allende e Veronica De Negri, mãe de um estudante que foi queimado vivo durante uma greve em 1986 (Foto: Reuters/Ivan Alvarado)
Ativistas fazem performance em frente à entrada do palácio presidencial, em Santiago, vestidos como o presidente deposto Salvador Allende e Veronica De Negri, mãe de um estudante que foi queimado vivo durante uma greve em 1986 (Foto: Reuters/Ivan Alvarado)

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