Morrem em SP Armênio Guedes, ex-dirigente do Partido Comunista; e Therezinha Zerbini, líder do Movimento Feminino pela Anistia
O último mês de março ficará marcado por duas perdas de nomes importantes na história das lutas pelo fim da ditadura militar e pela defesa dos valores democráticos. Primeiro, no dia 12, faleceu em São Paulo Armênio Guedes, ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro. Dois dias depois, dia 14, foi a vez de Therezinha Zerbini, fundadora e líder do Movimento Feminino pela Anistia.
Armênio Guedes
Ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro, Armênio Guedes estava internado em São Paulo com uma infecção pulmonar. Aos 96 anos, não resistiu e morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Deixou a viúva Cecília Cornegno.
Nascido em Mucugê, na Bahia, Guedes filiou-se ao Partido Comunista na década de 1930. Foi secretário e amigo de Luís Carlos Prestes, mas depois se tornou um contraponto ao líder comunista e chegou a romper com ele. Liderou uma corrente que rompeu com o stalinismo, a União Soviética e se alinhou aos partidos europeus da Esquerda Democrática.
Durante a ditadura, se opôs à luta armada e defendeu a aliança com o MDB, então único partido de oposição consentido pelo regime. Exilado, morou no Chile e na França. Depois de sair do partido, trabalhou como jornalista na revista “IstoÉ” e na “Gazeta Mercantil”, onde editou a página de Opinião, foi secretário da Redação e editorialista.
Therezinha Zerbini
Líder do Movimento Feminino pela Anistia, Therezinha Zerbini estava com 87 anos. Advogada, lutou pelo retorno de exilados políticos e pela redemocratização do Brasil. Durante a ditadura militar, conseguiu recursos financeiros para ajudar clandestinos no país.
Em 1968 ela foi presa por ter dado apoio a um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes (UNE). Por causa disso, ficou seis meses na prisão e foi enquadrada na chamada Lei de Segurança Nacional. Nesse período, conviveu com a atual presidente Dilma Rousseff.
Em 1975, Therezinha criou o Movimento Feminino pela Anistia. Ela foi casada com o general Euryale de Jesus Zerbini, cassado pelo golpe de 1964 e cunhada do pioneiro em cirurgia cardíaca no Brasil, Euryclides Zerbini.