Realizado em São Paulo pelo Instituto Vladimir Herzog e pelo Instituto Patrícia Galvão, 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres problematiza causas e raízes da violência contra a mulher
Com o objetivo de discutir processos sociais e de formação dos indivíduos que fazem com que atos violentos de gênero ainda sejam uma realidade no mundo, o Instituto Vladimir Herzog e o Instituto Patrícia Galvão realizaram o 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres. O evento ainda teve apoio da Fundação Ford, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e da ONU Mulheres, com patrocínio do BNDES, Caixa, Correios e Petrobras; e apoio do Sesc, CBN e hotel George V Residence.
Durante dois dias, o teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, em São Paulo, recebeu professores, pesquisadores, autoridades e ativistas de diversos países engajados na luta pelos direitos das mulheres. Foram realizadas mais de mil inscrições, e o evento ainda contou com transmissão em tempo real, via internet.
A ministra da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, discursou e trouxe uma carta da presidenta Dilma Rousseff destacando a importância de eventos como o seminário para que se discutam mecanismos capazes de assegurar o respeito aos direitos humanos das mulheres.
Eleonora afirmou que “a sociedade aceita, mas é preciso que não aceite mais a barbaridade da violência contra as mulheres simplesmente pelo fato de serem mulheres”, e ainda pediu uma salva de palmas para Maria da Penha –a mulher cujo nome foi dado à lei que cria penas duras para homens que praticam violência contra as mulheres.
O 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres contou com quatro palestras que foram seguidas de painéis para debate entre os convidados e para perguntas da plateia. Nesses espaços foram feitas exposições que atestam a universalidade e a gravidade do problema da violência contra as mulheres e abordados temas como o impacto dos meios de comunicação, a disseminação da violência entre as jovens, entre outros.
Na Palestra 1, Lori Heise falou sobre o “Panorama Global das Culturas de Violência contra as Mulheres”. Luiza Bairros, Flávio Piovesan e Rita Laura Segato debateram as “Perspectivas propositivas para uma Cultura de Não-Violência contra as Mulheres”, sob a mediação de Ana Flavia D’Oliveira.
Na Palestra 2, Marai Larasi falou sobre a “Juventude e a Cultura da Violência contra as Mulheres”. Juliana de Faria mediou o debate “Elementos para uma Cultura de Não-Violência contra as Mulheres entre Jovens”, que contou com a participação de Maria Luiza Heilborn, Matthew Gutmann e Heloísa Buarque de Almeida.
Já no 2º dia de seminário, na 3ª palestra, Roz Hardie falou sobre “O Impacto dos Meios de Comunicação na Cultura da Violência contra as Mulheres”. Sob a mediação de Jacira de Melo, Guilherme Canela, Beatriz Accioly e Fátima Pacheco Jordão debateram “O Papel da Mídia na Desconstrução da Cultura de Violência contra as Mulheres”.
Por fim, Tracy Robinson ministrou a última palestra: “Por uma Cultura de Respeito aos Direitos Humanos das Mulheres”. Ela Wiecko, Leticia Cufré Marchetto, Aline Yamamoto, Silvia Pimentel e Leila Linhares Barsted debateram os “Desafios para Mudar a Cultura da Violência contra as Mulheres”, sob a mediação de Jacqueline Pitanguy.
Durante o evento foi apresentada uma pesquisa do Énois Inteligência Jovem, realizada em parceria com o Instituto Vladimir Herzog e o Instituto Patrícia Galvão. Em 370 cidades brasileiras, foram ouvidas mais de 2300 jovens entre 14 e 24 anos, com renda familiar de até R$ 6 mil. Entre outros números, o levantamento constatou que 41% das entrevistadas já sofreram agressão física e 84%, agressão verbal. Em relação ao assédio sexual, 10% das meninas já foram assediadas sexualmente por familiares e 55% por desconhecidos. Os dados completos da pesquisa podem ser vistos aqui.
O 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres mostrou que a cultura da violência contra as mulheres é um problema global e para transformar essa realidade, que atinge diferentes espaços, públicos e privados, é necessário se debruçar sobre as causas e as raízes culturais dessa violência.