10/09/2015

Violência contra índios preocupa Anistia Internacional

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Com informações da Agência Brasil

A Anistia Internacional está preocupada com o agravamento da violência contra o povo Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul. Em nota divulgada hoje (31), a entidade destacou que a área Ñanderú Marangatú é uma terra indígena tradicional Guarani e Kaiowá e, além de demarcada, foi homologada em 2005.

No dia 29 de agosto, um ataque ao local, no município de Antônio João, provocou a morte do índio Simião Vilhalva e deixou mulheres e crianças feridas.

A assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional, Fátima Mello, disse em entrevista à Agência Brasil que a entidade acompanha há algum tempo a situação dos índios Guarani e Kaiowá, especificamente na comunidade de Apicaí, onde já foram lançadas duas ações urgentes da Anistia e houve denúncias de lideranças indígenas locais.

“Nosso secretário-geral visitou a comunidade de Apicaí. Essa é uma preocupação permanente da Anistia, por causa das sistemáticas violações de direitos humanos dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul”, afirmou Fátima Mello.

A assessora informou que, antes do ataque do fim de semana, já vinham se desenhando situações de despejos contra algumas comunidades e a não aplicação da destinação de terras a elas. “Existem ordens de despejo sendo emitidas contra as comunidades, apesar delas já estarem em situação de crise humanitária como a gente define. Várias vivem em acampamentos em beira de estrada. A comunidade de Apicaí teve oito pessoas atropeladas por conta dessa precariedade”, destacou.

A nota da Anistia informou ainda que, cerca de 10 anos após a decisão da homologação das terras, há uma semana, os indígenas decidiram retomar suas terras ocupadas por fazendeiros locais. A Anistia acrescentou que, em junho de 2015, homens armados atacaram uma comunidade Guarani Kaiowá, deixando duas crianças desaparecidas. Além do ataque de agosto, foram registradas denúncias da presença de fazendeiros e pistoleiros em áreas da Ñanderú Marangatú.

A Anistia Internacional se uniu a organizações do Mato Grosso do Sul e a outros povos indígenas mobilizados em diversos estados, a fim de pedir que as autoridades tomem iniciativas para suspensão imediata da violência contra os índios Guarani e Kaiowá e por uma rápida investigação do caso.

Fátima Mello lembrou que a Anistia é uma organização internacional que luta pelos direitos humanos no mundo e sempre atua com parceiros locais. No caso dos Guarani e Kaiowá, a entidade apoia as demandas formuladas por eles, entre elas a demarcação da terra, que, segundo ela, está parada.

“O que estamos apoiando e dando voz é que a violência contra eles seja suspensa imediatamente e a morte do indígena Simião apurada de forma independente.”

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) publicou hoje no siteda entidade uma nota exigindo do governo federal rigor na apuração dos fatos e a punição dos autores intelectuais e materiais da morte de Simião Vilhalva.

Até o fechamento desta matéria, o Ministério da Justiça não havia se manifestado sobre os pedidos da Anistia e da APIB.

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