06/12/2017

IEA lança documentário inédito sobre a luta pelos direitos humanos

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Um grupo de cientistas políticos, sociólogos, jornalistas, militantes sociais e ativistas está reunido em um documentário que ajuda a contar parte da história de conquista dos direitos humanos em São Paulo. Com lançamento marcado para 10 de dezembro na plataforma Videocamp, o filme “Cartografia de Direitos Humanos” reúne depoimentos e imagens para mostrar que muitos dos direitos atuais são resultados de manifestações e intervenções da população pelas ruas das cidades brasileiras, e não meras benesses do Estado.

O documentário foi idealizado e concebido por membros da Cátedra Unesco de Educação para Paz, Direitos Humanos Democracia e Tolerância, sediada no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), com produção da Imagina Coletivo, com direção de Tiago Pereira. Em 26 minutos, mostra a relação da cidade com as lutas pelo reconhecimento e efetivação da igualdade de raça, sexo, gênero; a luta pelas diretas; a luta pela moradia e pela liberdade de expressão, entre outras. A Cátedra Unesco funcionou no IEA de abril de 1996 a outubro de 2014.

O filme divide os depoimentos e relatos em temas relacionados ao direito à cidade; direito dos migrantes; não discriminação racial, de gênero e sexo; direito ao trabalho; direitos civis; estado de direito e liberdade de expressão.

Para contar as histórias e analisar a importância da preservação da memória de tais movimentos, foram ouvidos: o jurista José Gregori; o jornalista Sérgio Gomes; a física Dina Lida Kinoshita; o líder do Movimento de Moradia do Centro (MMC), Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê; Letícia Cardoso e Marcelo Hotimsky, do Movimento Passe Livre; Paulo Illes, do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante; Douglas Belchior e Milton Barbosa, ambos representantes do movimento negro; Marcos Tupã e Jerá Giselda, do Terras Indígenas Tenondé Porã; Waldemar Rossi, falando da CUT e das Greves de Osasco; Maria Amélia de Almeida Teles, da União de Mulheres de São Paulo e Jornal Brasil Mulher; “Rebeca”, da Marcha das Vadias; Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT; Margarida Genevois, da Comissão de Justiça e Paz; Belisário dos Santos Júnior, falando sobre o massacre do Carandiru; Inês Virgínia Soares, do Ministério Público Federal; Célia Galvão Quirino, sobre a Batalha da Maria Antônia; e Binho, do Sarau do Binho.

Também estão no filme o sociólogo Sergio Adorno, então coordenador da Cátedra Unesco do IEA, e a cientista política Rossana Reis, coordenadora e idealizadora do projeto Cartografia de Direitos Humanos.

O filme “Cartografia de Direitos Humanos” nasceu em 2014 a partir de um projeto de mesmo nome que abordou questões relacionadas ao tema, buscando sensibilizar a sociedade e atrair sua atenção para os direitos humanos. A partir desta ideia, lugares que sediaram tais lutas e conquistas em São Paulo foram selecionados e catalogados em uma plataforma digital (www.cartografiadh.iea.usp.br), que os georreferencia e apresenta roteiros de visitação por região e por tema. Para cada marco selecionado, há textos de referência, fotografias e depoimentos de jornalistas, militantes sociais e ativistas. O sistema permite, também, que novos locais sejam adicionados e, assim, abranja um número ainda maior de conquistas.

Dentre os movimentos e lutas apresentados tanto no vídeo quanto na plataforma estão: Marcha das Vadias, Movimento Negro Unificado, CUT (Central Única dos Trabalhadores), Greves de Osasco, Parada LGBT, Comissão Justiça e Paz, UNEafro, Massacre do Carandiru, Batalha da Maria Antônia, União de Mulheres de São Paulo, Jornal Brasil Mulher, Terras Indígenas Tenondé Porã, Oboré, Ato Ecumênico de 1975 em homenagem à Vladimir Herzog, exposição do Ministério Público Federal “(Re) Conhecer… Para Nunca Esquecer!”, Núcleo de Estudos da Violência (NEV), Jornadas de Junho de 2013, Movimento de Moradia do Centro (MMC), Praça Kantuta e Marcha dos Imigrantes, Sarau do Binho e Comício das Diretas no Vale do Anhangabaú nos anos 1980.

Produção e direção
A escolha do Imagina Coletivo e de Tiago Pereira para a produção e direção do documentário Cartografia de Direitos Humanos está em sintonia com o caráter transformador que o filme busca ter.

Pereira começou sua história no cinema juntamente com o nascimento do Imagina Coletivo, quando foi lançado o projeto Imagina na Copa, realizado entre 2012 e 2014. Na época, foram produzidos 75 web documentários rodados nos 27 estados brasileiros, os quais contam as histórias de jovens transformadores. Ele também dirigiu o curta “Rolezinhos”, premiado como melhor filme na categoria “Visão Social” do Festival Entretodos 2014, e produziu o filme Guardiões de Santa Rosa, em parceria com o Canal Futura.

Organização sem fins lucrativos, o Imagina Coletivo trabalha atualmente com produção de conteúdo de engajamento social em diferentes linguagens – oficinas, cursos e facilitação de encontros e consultoria em mobilização, engajamento e empreendedorismo social.

Financiamento e parcerias
O projeto Cartografia de Direitos Humanos foi contemplado no Edital 2013 da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, que financiou a iniciativa, e contou com parcerias do Centro Universitário Maria Antonia e do Ministério Público Federal (Procuradoria Regional da República – 3ª Região). A gravação dos depoimentos foi realizada com o apoio da TV Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), e a identidade visual foi desenvolvida pela turma 2012 de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicações e Artes da USP, sob a orientação do prof. Dorinho Bastos.

Também apoiaram as atividades a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Centro de Estudos Hannah Arendt, Comissão da Verdade do Estado de São Paulo – Rubens Paiva, Departamento de Ciência Política – FFLCH-USP e Programa de Pós-Graduação em Ciência Política – USP.

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