30/04/2014

“Anticomemoração” dos 50 anos do golpe civil-militar

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O dia 31 de março de 2014 assinalou os 50 anos do golpe civil-militar no Brasil, data não a ser comemorada, mas lembrada pelos jovens de cinquenta anos atrás e, principalmente, contada e recontada para os jovens do século XXI, a primeira geração que nasce e cresce sob o regime democrático, em toda a História da República brasileira.

Como essa data tem um importante significado, especialmente para o Instituto Vladimir Herzog, preparamos alguns eventos para registrar esse marco tão triste da História do Brasil.

Documentários para TV

No dia 24 de março, na Cinemateca Brasileira, uma série de documentários, com o título Resistir é Preciso…, foi lançada para veiculação pela TV Brasil.

Essa série de documentários sobre a luta da imprensa contra a ditadura foi exibida em março e início de abril. O material, composto por 10 episódios, foi idealizado pelo jornalista Ricardo Carvalho, que pesquisou e entrevistou profissionais da comunicação que atuaram durante o período ditatorial, com o apoio de José Luis Del Roio e Vladimir Sacchetta.

Esta é a primeira série de documentários a abordar exclusivamente a relação da imprensa com a ditadura. O trabalho conta com depoimentos de jornalistas como Juca Kfouri, Laerte, Raimundo Pereira, José Hamilton Ribeiro, Paulo Moreira Leite e Audálio Dantas.

 Para mais detalhes sobre este projeto, acesse:  Série Resistir é Preciso…

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Concerto de piano

As homenagens aos que lutaram pela democracia do País não pararam por ai. No dia 30 de março, em parceria com a OSESP, promovemos na sala Sala São Paulo o recital da pianista Ursula Oppens.

O Intituto Vladimir Herzog trouxe essa importante concertista norte-americana pela primeira vez ao Brasil para apresentar as 36 variações, de autoria de Frederic Rzewski, de O Povo Unido Jamais Será Vencido, do compositor chileno Sérgio Ortega, que tornou Ursula Oppens mundialmente conhecida.

Além dessa obra, a pianista apresentou composições de Claudio Santoro, um dos maiores nomes da música clássica brasileira do século XX.

Ursula Oppens - foto de Daniel Guimarães/folhapress
Ursula Oppens – foto de Daniel Guimarães/folhapress

Duas peças teatrais

A seguir a casa do Instituto foi o teatro TUCARENA,  palco de duas obras que marcaram todos os que puderam prestigiar a leitura encenada das peças, intituladas Ponto de Partida e Patética.

Os espetáculos, dirigidos por Cibele Forjaz, foram apresentados entre 31 de março e 3 de abril. Com a atuação de nomes como Denise Fraga, Miriam Mehler e Renato Borghi, as peças representam marcos do teatro de resistência à ditadura.

Segundo Cibele Forjaz, a peça Ponto de Partida, de Gianfrancesco Guarnieri, constitui  uma fábula que pode tanto representar a história de Vladimir Herzog, como também a história de outras vítimas de violência. “No caso de Ponto de Partida, Birdo (personagem central) é o Vlado, mas também representa todos os torturados, é menos pessoal, sendo uma peça mais simbólica e subjetiva”, afirmou Cibele.

 Já a peça Patética, de João Ribeiro Chaves Neto, é claramente baseada na vida de Vlado. “A peça foi escrita por João Ribeiro Neto, cunhado de Vladimir e que, inclusive, se colocou como um dos personagens”, conta Cibele.

As peças foram apresentadas no formato de leitura encenada porque, nesse contexto, o papel escrito torna-se um personagem, como se os próprios autores estivessem presentes no palco, sendo, dessa forma, homenageados.

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E assim foram as duas semanas que marcaram a data dos 50 anos do golpe civil-militar.

Com o objetivo expresso de que o conhecimento sobre a luta pela liberdade dos que viveram e morreram por ela possa passar de pai para filho, de geração a geração, ajudando a refazer laços ainda emaranhados na nossa História recente.

Ao longo deste ano teremos mais projetos para apresentar e esperamos contar com todos os que vêm nos acompanhando e que cada vez mais pessoas participem de nossas atividades, para que a luta nunca seja esquecida e que essa história não se repita.

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