18/11/2016

Ditadura, agressão a jornalistas e censura judicial

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Se queremos liberdade, cabe a nós lutar por ela e não admitir que seja estuprada. E violências contra a liberdade de expressão têm ocorrido quase diariamente no Brasil, provavelmente para regozijo daqueles tipos grotescos que ocuparam ontem (16/11) a Mesa da Câmara dos Deputados, em Brasília, para urrar pela implantação de uma ditadura militar.

O tradicional jornal O Povo, de Fortaleza, está sendo vítima do juiz José Coutinho Tomaz Filho, que proibiu que, online ou impressa, a publicação cite o nome de outro juiz, envolvido em uma operação que investiga suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Ceará.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, dois repórteres que cobriam o protesto de servidores públicos em frente à Assembleia Legislativa sofreram agressões, descritas e repudiadas em nota da ABRAJI-Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

Afirma a entidade que “o jornalista Guilherme Ramalho, de O Globo, foi atacado com pontapés quando manifestantes identificaram um adesivo do jornal em seu telefone celular. Ele conseguiu correr, mas foi atingido com socos e perdeu os óculos. Um pouco mais tarde, o repórter Caco Barcellos, da TV Globo, foi cercado e expulso do local. Os manifestantes atiraram-lhe água, garrafas de plástico e até cones de sinalização viária”.

Faz parte da Visão do Instituto Vladimir Herzog a frase “Quando perdemos a capacidade de nos indignar com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerar seres humanos civilizados”, de autoria do jornalista assassinado pela ditadura em 1975.

Por isso trabalhamos para que a sociedade mantenha sua capacidade de indignação e sua ação transformadora, lutando pelos valores da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão.

O povo brasileiro, como o de todo o mundo, dispõe hoje de meios inauditos e poderosos para se manifestar. É fundamental que aproveitemos essa faculdade para exigir que violências físicas e judiciais contra a liberdade de imprensa sejam impedidas e condenadas e que o trabalho dos jornalistas seja preservado e protegido – não por serem eles privilegiados, mas porque, como afirmou Thomas Jefferson, “Nossa liberdade depende da liberdade de imprensa. E ela não pode ser limitada, porque assim será perdida”.

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